

Dra Bruna Bianchini, médica-veterinária paliativista e atual presidente ANCPVET / Foto: "E aí, bicho?"
Receber um diagnóstico de doença grave ou incurável no animal da família é cada vez mais comum. Dentro de casa e com acesso à tratamentos modernos, a tendência é que eles vivam mais. A boa notícia é que a evolução na Medicina Veterinária também ampliou os cuidados quando o foco deixa de ser a cura. “Nosso trabalho vem tanto do controle de sintomas desse animal, quanto na abordagem dessa família para dar um suporte sobre o que está acontecendo”, explica Bruna Bianchini, atualmente presidente da ANCPVET, a Associação Nacional de Cuidados Paliativos Veterinários.
A qualidade de vida do paciente e o apoio de uma equipe multidisciplinar para atender àquela família possibilitam a oportunidade de respeitar o vínculo, sem necessariamente ter de decidir pela morte provocada do bicho. Segundo a médica-veterinária paliativista, a definição pela eutanásia é muito delicada. “É uma decisão que não tem volta, envolve muita dificuldade de até onde é meu direito de antecipar o fim de vida dele, até onde é meu direito de mantê-lo até o fim da sua vida”. Pesam nessa reflexão aspectos éticos, de espiritualidade, dos valores de cada pessoa. tempo e recursos financeiros. “Não tem certa ou errado, se atender às condições previstas pelo Conselho, é um procedimento permitido”.
"Eu penso assim ‘aproveitem enquanto ele está aqui, daqui a pouco ele não vai estar", Bruna Bianchini, médica-veterinária paliativista
A eutanásia só pode ser aplicada por médico-veterinário em situações que comprometem a saúde pública, quando aspectos financeiros são uma limitação para o tratamento, ou quando não existem meios de aliviar o sofrimento físico do animal. Na prática, é para ser indolor. Primeiro se aplica uma anestesia para o animal dormir, e em seguida, medicação que para o coração.
“Eu fico triste de pensar que, às vezes, a gente está ali nas últimas horas de vida (do animal), dos últimos momentos e esse dilema está rondando enquanto que eu penso assim ‘aproveitem enquanto ele está aqui, daqui a pouco ele não vai estar’, então, se você puder estar junto nesse momento ao invés de pensar que tem que tomar essa decisão, talvez fosse um pouco menos pesado”, diz Bruna.
Outras opções - Se não tem cura, o cardápio de possibilidades passa por medicação, acupuntura, fisioterapia e outros suportes, inclusive, para quem cuida. É preciso uma visão ampla para compreender o perfil de cada caso. “Se a família chega e fala: ‘pra mim esse é o limite, daqui eu não vou mais’ , e considerando os aspectos técnicos todos, é uma decisão possível”, afirma a especialista em Cuidados Paliativos Veterinários.
Questões financeiras - Médico-veterinário pode ter escolhido a profissão por amor, mas trabalho é trabalho. E deve ser pago. Se houver dificuldade para arcar com o tratamento do animal, existem, pelo menos, três sugestões para ser atendido por um profissional e amparar o animal.
Hospital-escola: as universidades fazem atendimento com preço popular,
ONG: algumas oferecem atendimento mais em conta,
Hospital Público Veterinário: grandes cidades já têm essa estrutura que prioriza a população de baixa renda.
Série especial "Despedida Animal" no canal do Youtube "E aí, bicho?"

Homenagens para animais que receberam cuidados paliativos em fim de vida / Foto: "E aí, bicho?"





