

Impacto financeiro em tratamentos médicos-veterinário define vida de paciente / Imagem: Pexel
Quando alguém adoece na família, todos são afetados. Inclusive se o doente é um animal. Além de tempo (de cuidados, de consultas) e desgaste emocional dos envolvidos, o custo monetário do tratamento também impacta. Se por um lado médicos-veterinários têm responsabilidade em dar diagnóstico correto e indicar os protocolos a serem adotados, por outro, se ignoram até onde o cuidador pode arcar com tempo e dinheiro, isso pode afastar e até mesmo condenar o paciente.
Diante de uma grave enfermidade - com ou sem cura - cuidados paliativos veterinários levam em consideração o contexto geral daquele adoecimento. Não se trata de profissionais trabalharem de graça. É sobre conversar, entender e organizar conjuntamente o que é possível realizar diante da realidade imposta pela doença. “Não é algo que a gente vai desistir, vai deixar de fazer exame, não vai dar medicação, pelo contrário, é ’estou com você pra viver esse momento, estamos aqui planejando esse cuidado junto’”, explica Bruna Bianchini, médica-veterinária paliativista e presidente da ANCPVET (Associação Nacional Cuidados Paliativos Veterinários). Ela lembra que recursos vão além de dinheiro. Tem também a disponibilidade de tempo. “Quem são as pessoas que vão ajudar a cuidar desse animal? Porque é cansativo, a gente sabe hoje que existe um termo chamado “cansaço do cuidador”, lembra. Essa condição ocorre quando a pessoa que cuida entra em estado de exaustão física, emocional e mental por priorizar atenção ao outro.
“Nem sempre fazer mais é fazer melhor”, médico-veterinário paliativista Adriano Baldaia.
Existem dois perfis bem distintos de responsáveis (tutores) de animais. Um trata sem grandes compromissos, sem preocupação com o indivíduo e, em caso de doença grave ou idade avançada, segue logo para eutanásia e substituição por outro. Mas há um segundo tipo de pessoa que vai fazer o possível pelo bicho, às vezes, mesmo sem recursos financeiros. Em contextos de amor, vínculo e… falta de dinheiro é preciso responsabilidade. É aí que muita gente sente culpa, e por vezes, até adoece junto. “Nem sempre fazer mais é fazer melhor”, explica médico-veterinário paliativista Adriano Baldaia.
“Na medicina a gente tem diversos artigos científicos que mostram que a incorporação dos cuidados paliativos reduz os custos porque primeiro algumas intervenções (tratamentos, medicações) podem ser reduzidas ou não incorporadas caso não haja mais necessidade”, diz ele, “se a gente consegue reduzir a internação desse paciente porque a gente já elaborou um plano de cuidado com controle de sintomas adequado o custo também diminui”. Baldaia ressalta que manter uma equipe multidisciplinar com médicos-veterinários, psicólogos, fisioterapeutas e outros especialistas tem custo, mas há ajustes possíveis, inclusive, para doenças que têm cura. “O cuidado paliativo é uma abordagem complementar que modifica a doença”, conclui.
Terceiro episódio da série de jornalismo "Despedida Animal" no canal do Youtube "E aí, bicho?"

Adriano Baldaia, médico-veterinário paliativista @paliavet / Imagem: arquivo pessoal





