Arquivo pessoal
Não é spoiler, mas esse é o resumo bem abreviado da peça “Benjamin”: um vira-lata que salva. É a história de uma mulher traída em plena lua de mel que vivência um amor incondicional de um… cão. À beira do suicídio, a relação “salva” a moça da morte e da desesperança.
O público pode começar a sentir a experiência antes mesmo das cortinas se abrirem. Quem leva um quilo de ração paga meia entrada. O alimento vai para alguma das ONGs parceiras. E, assim, a sensação de fazer parte de algo positivo já faz diferença. Em duas temporadas, mais de meia tonelada de ração foi arrecadada.
Ao final de cada apresentação, um cachorro que precisa de um lar é apresentado aos espectadores. É o “Benjamin” do dia. Nove animais já encontraram uma família dessa maneira.
Assistir ao espetáculo teatral é uma oportunidade para se emocionar e refletir: “quem resgata quem?”
Além palco – Nos bastidores, em conversa com o diretor, uma descoberta. A peça tem como homenagem Raffí, o cão de Arthur Haroyan, morto em agosto de 2018, enquanto escrevia o texto. “Ele foi transformador, aprendi um amor verdadeiro, sincero, que não tem nada em troca para receber. Os filhos podem te trair. Os animais, não”.
Haroyan é da Armênia, país da Ásia, bem próximo da Europa. Antes de se mudar para o Brasil, passou por uma das piores experiências da vida dele: um terremoto que deixou 100 mil mortos. Ele ficou debaixo dos escombros. “Eu saio do teatro muito aliviado. Se tinha alguma coisa que eu não fiz por Raffi, estou fazendo por outros que necessitam, por cachorros que foram abandonados, agredidos”, e conclui, “mesmo se o mundo acabar em cima de mim, eu morrerei muito feliz.”
“Benjamin” é a terceira peça do Grupo ARCA.
Leonardo Santos
Leonardo Santos
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