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JÁ PAROU PARA PENSAR NOS CAMINHOS QUE TE LEVARAM ATÉ SEU PET?

"E se ela fosse menos forte? O galho tivesse partido? Minha tia não tivesse viajado?  É assombroso enxergar a linha frágil que tece circunstâncias e encontros"

30/01/22

Por: Patrícia Vidal

Yasmin na janela do escritório naquele instante de conexão

Nunca esqueci quando nos olhamos pela primeira vez. Ela estava na janela do escritório. Eu tinha estacionado o carro no pátio de um prédio. Os novelos de lã de nossas existências se embolaram para sempre naquele instante.


Quando encontrei Yasmin, ela era “hóspede” no escritório do edifício onde moro hoje. Foi resgatada após passar um fim de semana empoleirada no alto de uma árvore. Desse jeito escapou de um homem que matou seus irmãozinhos e mãe. A irmã da síndica trabalhava nessa rua e conseguiu trazê-la a salvo na segunda-feira.


Já parou para pensar nos fatos, coincidências, acasos que levaram ao seu encontro com o pet? Fico arrepiada imaginando que se algo falhasse naquele fluxo. Será que vocês não teriam se conhecido?


Vinte anos antes desse encontro mágico, eu me graduava como turismóloga. Admito que é um título horrendo para uma profissão bonita.  Na faculdade éramos quatro amigos, os mais velhos da turma. Entre eles Adi, que atua hoje como coordenador de viagens internacionais e já era gateiro. A vida nos afastou aos poucos e perdemos o contato.


Em 2011 uma tia viajou à Rússia com ele, sem reconhecê-lo de imediato. Em uma das checagens de documentos, o sobrenome dela fez soar um alarme para Adi. “Você tem uma sobrinha chamada Patricia Vidal?” – ele perguntou. Recuperaram a conexão. Descobriram que já tinham se visto na casa dos meus pais. De volta ao Brasil, me passou o número dele.


Marcamos um reencontro, prazeroso e alegre! Ofereci uma carona para sua casa. Ao estacionar no pátio do prédio, minha frajolinha (me?) olhava pela janela, muito interessada. Fui conhecê-la na mesma hora, assim como minha futura comunidade gateira. 


A síndica me contou ter escolhido o nome Yasmin inspirada no seu focinho grande ‘como uma turquinha’. Eu acabara de chegar da Turquia, enfeitiçada... Mais uma coincidência. Um ano mais tarde, me mudei para esse condomínio. Construímos uma rede de afeto e de apoio mútuo de valor incalculável.


Por vezes me pego refletindo sobre os movimentos que o universo fez para que Yasmin chegasse até mim – ou vice-versa. Mesmo tão pequena, sua coragem e resiliência a fizeram sobreviver ao pior momento de sua vida. E se ela fosse menos forte? O galho tivesse partido? Minha tia não tivesse viajado?  É assombroso enxergar a linha frágil que tece circunstâncias e encontros.

Mesmo que você não acredite em destino, resgatar a magia envolvida no seu encontro com o bichinho de estimação pode tornar o vínculo de vocês ainda mais especial!

Patrícia Vidal

Psicóloga especializada em vínculos e luto por perda de animais domésticos.

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