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JOGAMOS FORA 40% DO QUE É PESCADO NO MUNDO”, ALERTAM CIENTISTAS SOBRE PESCA ACIDENTAL

Dia Internacional contra “bycatch” tem ações para conscientizar população sobre risco de extinções de espécies

1 de dezembro de 2022 15:00:00

Por Sabrina Pires

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Tartaruga morta enroscada em rede de pesca. Reprodução: VIVA

Tartaruga morta enroscada em rede de pesca. Reprodução: VIVA

"É um cenário de injustiça e não podemos fingir que não vemos: injustiça pelos milhões de animais que são mortos e feridos, pelas espécies que estão sendo levadas à extinção, e pela injustiça com comunidades pesqueiras artesanais que também sofrem as consequências dessa falta gestão pesqueira"

DIA INTERNACIONAL PARE A CAPTURA ACIDENTAL - 1° de dezembro foi o dia escolhido pela comunidade científica para debater o tema. O objetivo principal é compartilhar a situação atual do problema, cobrar políticas públicas e buscar possíveis soluções.


O consumidor tem papel importante ao decidir comprar de empresas comprometidas com pesca responsável. Ou escolher espécies que não estão ameaçadas. Um exemplo clássico é o cação. Na verdade tubarão cortado em postas. Comer o topo da cadeia é mexer seriamente no equilíbrio marinho.


Segundo Larissa Dalpaz, não consumir ou reduzir o consumo de peixes e frutos do mar é um caminho do ponto de vista individual.

Mas os estudiosos são unânimes em dizer que é preciso trabalhar em conjunto com os pescadores. “Falar sobre capturas acidentais é falar sobre gestão pesqueira, já que esse é um problema que ocorre durante a pesca e que, além de prejudicar os animais, afeta também muitos pescadores. No Brasil, por exemplo, não temos monitoramento pesqueiro nas frotas industriais e nas comunidades artesanais. Assim, além não saber o quê e quanto é pescado como espécie-alvo, tampouco sabemos das capturas acidentais”, afirma Larissa.


A exploração desenfreada dos animais marinhos a partir da pesca industrial também já é um sinal de alerta. “Pescar dessa forma tão intensa nos levou a termos temos estoques de peixes que estão muito reduzidos, por vezes sendo levados à beira da extinção. Assim, para continuar capturando as quantidades que se capturavam antes, muitas vezes é necessário que se passe muito mais tempo “tentando”. Ou seja, as redes precisam ficar mais tempo na água ou precisam ser maiores, pra muitas vezes capturar até menos peixes que antes, já que há pouco peixe. Como os estoques estão menores, isso faz com que nossa pesca no geral esteja menos eficiente. E essa ineficiência inclui aumentar as capturas acidentais”, diz a bióloga.

O que o petisquinho na beira-mar pode ter a ver com ameaça de extinção das tartarugas? É que para pescar 1 kg de camarão são capturados outros 21 kg de outros animais que não eram alvo da pesca. E isso tem ameaçado tartarugas. “Elas ficam presas nas redes, não conseguindo retornar à superfície para respirar e morrem afogadas, ou podem deglutir ou se prender em anzóis, o que também compromete o ciclo de vida” explica Larissa Dalpaz, bióloga do VIVA Instituto Verde Azul.


Esse problema tem nome: é o chamado bycatch ou captura acidental. A comissão dos Oceanos dos Estados Unidos declarou em 2005 o bycatch como a maior ameaça aos mamíferos aquáticos no mundo.


Mais de 1 milhão de animais vertebrados marinhos morrem anualmente em equipamento de pesca acidentalmente. Estima-se que 40% de toda pesca é bycatch. Baleias, golfinhos, focas, tartarugas, raias, tubarões, aves marinhas, peixes e invertebrados capturados acidentalmente e descartados. “Do ponto de vista da conservação, um dos principais problemas é quando essas capturas acidentais envolvem espécies ameaçadas ou protegidas (como as baleias, golfinhos, tartarugas, aves, tubarões e raias)”, diz a bióloga.

Baleia "carrega" por milhares de quilômetros rede presa acidentalmente. Reprodução: VIVA

ATIVIDADES EM 2022 - O VIVA Instituto Verde Azul se juntou a outras entidades para ações em todo o Brasil neste ano. Para saber detalhes na sua região, as informações podem ser acessadas pela página do Dia Pare a Captura Acidental: http://www.viva.bio.br/dia-pare-captura-acidental/


Há ainda uma petição (http://shorturl.at/fpBG0) em prol de políticas públicas para monitorar e reduzir as capturas acidentais no Brasil.


PROBLEMA DE TODOS NÓS - “É um cenário de injustiça e não podemos fingir que não vemos. Injustiça pelos milhões de animais que são mortos e feridos, pelas espécies que estão sendo levadas à extinção. E pela injustiça com comunidades pesqueiras artesanais que também sofrem as consequências dessa falta (ou seria má) gestão pesqueira, tendo seu sustento prejudicado, enquanto frotas industriais e a sobrepesca avançam em nossos mares”, diz a bióloga.

Baleia "carrega" por milhares de quilômetros rede presa acidentalmente. Reprodução: VIVA

Baleia "carrega" por milhares de quilômetros rede presa acidentalmente. Reprodução: VIVA

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