top of page

ORCAS EM ILHABELA: "TEMOS AQUI EM VIDA LIVRE O QUE AS PESSOAS PAGAM CARO PARA VER EM CATIVEIRO”

Registro de grupo de orcas com filhote no litoral paulista gera curiosidade e preocupação pelo grande movimento de navios e turistas na região do porto de São Sebastião

5 de fevereiro de 2023 15:00:00

Por Sabrina Pires

  • Facebook
  • YouTube
  • Instagram
Reprodução: registro VIVA Instituto Verde Azul

Reprodução: registro VIVA Instituto Verde Azul

"Ter a oportunidade de ver esses animais em vida livre no litoral paulista é realmente muito cativante, é sempre uma alegria, deixa a gente muito eufórico"

Pesquisadoras do VIVA Instituto Verde Azul observaram hoje (5 de fevereiro) um grupo de orcas durante o monitoramento em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. O momento foi registrado em vídeo.


A equipe científica identificou, ao menos, sete indivíduos, entre filhotes e adultos. “Conseguimos observar que estavam se alimentando e que havia pelo menos um macho, porque tem a nadadeira dorsal bem mais alta que a fêmea”, explica o grupo.


As orcas já foram observadas pela equipe em cinco oportunidades desde o início do trabalho de pesquisa em 2019. A presença de orcas na região é considerada normal, mas pouco comum.

Segunda a bióloga Marina Leite, a presença de orcas no litoral de São Paulo sempre chama muito a atenção do público e de cientistas. “É um animal que geralmente as pessoas pagam caro para assistí-lo em um parque aquático na Disney, nos Estados Unidos. As orcas são conhecidas por serem vistas em cativeiro, então ter a oportunidade de ver esses animais em vida livre no litoral paulista é realmente muito cativante, é sempre uma alegria, deixa a gente muito eufórico”.


A especialista em baleias ressalta que a presença das orcas de forma natural em Ilhabela é um sinal positivo, mesmo sendo uma área com grande atividade dos seres humanos. Exemplos dessa interferência com potencial prejudicial para os animais são o forte movimento de navios no Porto de São Sebastião, o alto fluxo de embarcações tipo lanchas, especialmente agora no verão, e os lixos no mar que aumentam nessa época. “Tivemos o Ano Novo, o dia de Yemanjá, quando as pessoas descartam propositalmente materiais nem sempre orgânicos como oferenda, e o próprio lixo do turismo”, explica Marina, “e ainda assim a gente percebe o grupo aparentemente se alimentando pela grande quantidade de raias que tem ali onde foram avistadas”.


Grandes nadadoras - As orcas fazem grandes navegações e se deslocam pelo mundo inteiro. São chamadas de espécies cosmopolitas por serem encontradas no mundo inteiro. Há registros de orcas que saíram de um polo a outro. “Elas nadam muito o que nos faz pensar naquelas capturadas para entretenimento como a Lolita, que está em cativeiro há mais de 50 anos”, afirma Marina.


Lolita é uma orca tirada da vida selvagem nos anos de 1970 e vive até hoje em um parque dos Estados Unidos, num tanque minúsculo, alvo de críticas constantes de organizações defensoras dos animais. Há uma campanha para soltá-la, discussão que já chegou aos tribunais, mas ainda sem solução.


“Poder ver esses animais aqui é uma grande oportunidade para nós”, comemora a pesquisadora.

bottom of page