Nathália Bezerra, do Vida bull, lembra que sucesso na interação com animais exige gasto de: "tempo, dinheiro, paciência e treinos". Imagem: arquivo pessoal
Pessoas, especialmente idosos, se beneficiaram emocionalmente com a chegada de um animal durante o isolamento imposto pela pandemia. No auge das restrições, o E aí bicho? fez um vídeo sobre isso. E esse impacto positivo foi o recorte da coluna (14/08) da psicóloga Patrícia Vidal no site e nas redes do @eaibicho.
No divã, ela ouviu relatos de pacientes que encontraram em cães e gatos a força para seguir firme nesse período. Mas, de fato, existe outro lado. Quando o convívio entre pessoa e animal não funciona. Casos que poderiam ser evitados se o impulso não atropelasse o bom-senso. No consultório de Patrícia Vidal apareceram as histórias de sucesso, talvez resultado também da busca pela autoconhecimento desses novos tutores. Só que nem sempre é assim.
"Pense na real motivação de ter um cão, será que é para sanar um vazio que talvez devesse ser resolvido de outra maneira?”, questiona Nathália
Em resposta à coluna, Nathália Demétrio Bezerra, do Vidabull, especialista em comportamento canino fez o alerta: “muito legal por um lado mas péssimo por outro. A aquisição (compra ou adoção) motivada pelo impulso de ter uma companhia fez com que acontecessem muitas incompatibilidades, e muitos problemas de convívio entre cães e pessoas.”
Mas por que isso acontece? - Segundo a adestradora, a expectativa equivocada do que é cuidar de um animal e não saber - antes - as reais necessidades deles podem gerar frustração. Um clássico desse equívoco é um idoso escolher um filhote como companhia. Ou achar que o cão vai se comportar de determinada forma sem qualquer orientação. Não tem jeito. Qualquer relação dá trabalho!
Nathália descreve alguns desses encontros negativos: “Pessoas sem paciência para educação básica ou que não gostam de atividades e estão com cães altamente ativos, pessoas que não investem tempo em treinamentos passivos (como o famoso comando “place”) e que agora não conseguem trabalhar em home office por causa de um cão que demanda atenção o tempo todo”.
Vídeo do YouTube do "E aí, bicho?" sobre o processo ao escolher um animal para levar para casa
Avalie antes - Se a escolha for feita com consciência, a chance de dar certo é enorme. Então, vamos às dicas: “pense na real motivação de ter um cão, será que é para sanar um vazio que talvez devesse ser resolvido de outra maneira?”, indica Nathália. Depois disso é lembrar que há gastos: tempo, dinheiro, paciência e treinos. As compensações podem ser bárbaras, mas cada um precisa fazer a sua parte. O sucesso dessa relação começa com a pessoa - e não com o animal.
Se essa lição de casa não for feita, os resultados podem ser desastrosos: maus-tratos, devoluções de animais e até abandonos.
Um convívio ruim tende a gerar frustração, violência e sentimentos negativos. Diga-se: negativo para a pessoa e para o bicho. Se a situação já chegou nesse ponto, busque ajuda. Informe-se, fale com um profissional em comportamento animal e por que não uma boa conversa com um psicólogo? A verdade é sempre um bom começo!
Nathália destaca treinamentos passivos também colaboram com boa convivência dentro de casa