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“RECOLHER DA RUA NÃO SIGNIFICA QUE ANIMAL VAI TER VIDA MELHOR”, DEFENDE PROFESSORA

Abrigo é para o animal passar pouco tempo, mas a maioria morre anos depois ainda à espera de adoção.

1 de julho de 2019 10:00:00

Por: Sabrina Pires

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Tudo começa por uma boa causa para ajudar um animal indefeso… Aí aparece mais um. E mais um… O resgate pode ser uma experiência transformadora e muito prazerosa, mas atenção para não exagerar e tornar a própria vida em um problema. “Qualquer lugar tem uma determinada capacidade e a gente deveria colocar na ponta do lápis quantos animais a gente pode ter – em casa ou em abrigos”, afirma a médica veterinária Rita de Cássia Maria Garcia, especializada em Medicina de Abrigos (especialização da Medicina Veterinária que estuda questões específicas sobre saúde e o ambiente em que vivem animais de abrigos).


A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) esclarece que nem sempre recolher um animal da rua é a melhor opção. Do ponto de vista da pessoa e também do próprio bicho. O principal entrave está na superlotação. “Simplesmente ficar com dó dos animais nas ruas e colocá-los encarcerados num lugar não significa que ele vai ter uma vida melhor. E a gente precisa começar a olhar com um pouco mais de carinho as necessidades desse animal que pode estar melhor na rua do que dentro de um lugar fechado”, avalia.

 “A pressão (de bichos abandonados nas ruas) vai continuar por, pelo menos, mais 20 ou 30 anos, então, seria injusto a gente querer lidar com esse problema só colocando animal para dentro de abrigo”,  Rita de Cássia Maria Garcia

Em tese, um abrigo é para o animal passar pouco tempo, mas a maioria morre anos depois ainda à espera de adoção. “É um abrigo ou um lugar para acumular animais?”, questiona a professora. O acúmulo compulsivo de animais é considerado pela Psiquiatria uma doença.


Além dos limites estabelecidos por leis municipais quanto ao número de bichos permitido por residência, quem deseja resgatar um animal abandonado deve refletir se, de fato, está ajudando. Além de comida, água, ele terá espaço suficiente? Terá atenção? As necessidades, inclusive psicológicas, realmente serão supridas? “A pressão (de bichos abandonados nas ruas) vai continuar por, pelo menos, mais 20 ou 30 anos, então, seria injusto a gente querer lidar com esse problema só colocando animal para dentro de abrigo”, conclui a professora. A solução envolve educação, o que na prática resulta em castração, redução do abandono e adoção.

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