Casinhas para animais de rua em Lages, SC. Imagem: reprodução redes sociais
Este ano nevou em Lages. Mais de 200 cães que vivem nas ruas da cidade catarinense conseguiram se abrigar. “Apesar de sempre fazer muito frio aqui, fazia anos que a gente não via neve”, conta Bruna Uncini. É dela a iniciativa de fabricar casinhas para animais que estão a própria sorte. “Se não podemos tirar todos das ruas, por que não melhorar as condições de vida deles?” questiona em uma das postagens nas redes sociais do “Ajude um animal de rua”.
O projeto começou em 2016 e contabiliza 241 casinhas fixas espalhadas pela cidade que fica a 223 km da capital Florianópolis. “As pessoas questionavam: ‘Bruna, os animais de rua são de rua, não vão querer ficar dentro das casinhas’, e eu sempre falei que eles não ficavam dentro de casinhas porque eles não tinham casinhas”, lembra a empresária, proprietária de salões de beleza na região.
Ela conta que foi um movimento natural: “A dica foi sempre colocar comida e água nas proximidades, deixar as casinhas bem abastecidas com cobertores para que ficasse atrativo pra eles. Então, tendo abrigo, eles ocupam as casinhas quase que de imediato. Nesses últimos lugares que a gente instalou na semana passada é como se os animais estivessem esperando. A gente estava instalando e eles já estavam ao redor”, diz ao E aí, bicho?.
“Não é um sonho só meu. Tem muita gente que quer melhorar a vida dos animais de rua”, diz Bruna Uncini
Nas quatro estações - As casinhas nunca são removidas, mas é no inverno que elas fazem a diferença. Feitas de material reciclado - a base de caixinha longa vida - dão proteção térmica aos animais: “se ela pegar sol durante o dia, fica quente à noite”, explica Bruna.
E também são bem resistentes ao tempo. O material não retém umidade, é impermeável e não propaga chamas. Muitas ficaram intactas ao longo desses 5 anos de projeto. Outras foram vandalizadas e, algumas, até roubadas. Os potinhos para alimento e água também foram incorporados à estrutura da casinha para não sumirem.
São dois tamanhos: grande a um custo R$ 180 e o médio, a R$ 140. Os valores vem das vaquinhas online. A prefeitura de Lages atua como parceira na castração dos animais comunitários para evitar que se multipliquem.
Imagens instalações das casinhas em Lages do projeto "Ajude um animal de rua"
Críticas - No início, houve quem questionasse sobre a limpeza. “ Diziam que ia dar muita sujeira, mas gente, os cachorros vão fazer xixi e cocô na rua independentemente de ter casinha ou não, né?”, afirma a criadora do “Ajude um animal de rua”. Ela recorda que os animais rasgavam sacos de lixo em ruas do centro e depois que a ração começou a ser disponibilizada o problema diminuiu. “Isso deu uma aquietada no pessoal que estava meio relutante com projeto”, diz Bruna.
Os cuidados contínuos ficam por conta de moradores do entorno. “Na própria comunidade tem gente que limpa, tira cobertores, manda lavar, troca os potinhos. E no verão eu peço pra comunidade manter água limpa porque os animais não tem onde tomar água se não chover”, explica.
Casinhas para outras cidades - Hoje tem fila de espera de pessoas que tratam de cães comunitários, uma demanda, inclusive, que vem de longe. Por isso, Bruna Uncini trabalha em um novo projeto: ensinar a replicar a experiência. “Não temos como estar em todos os lugares, mas eu penso que se eu puder ensinar o que aprendi durante esses cinco anos, as pessoas não vão precisar passar por coisas que não funcionam”, diz. Afinal, Bruna não está sozinha. “Não é um sonho só meu. Tem muita gente que quer melhorar a vida dos animais de rua”, completa a empresária.
Bruna Uncini criou projeto "Ajude um animal de rua" em 2016
Bruna Uncini já conseguiu instalar 241 casinhas feitas a base de embalagem reciclada. Imagem: reprodução
Abrigos para cães são pagos em vaquinhas online. Foto: reprodução redes sociais