Segundo livro da autora relembra decisões diante de animais em sofrimento. Imagem: divulgação
Imagine que você está na estrada vazia. No meio do nada. Sol quente do lado de fora. E de repente, aparece um cachorro no acostamento sem se mexer. O que você faz? Para? Ajuda? Passa batido?
É sobre o que se faz a partir de momentos assim que Alessandra Nahra resolveu escrever “Todos os cachorros que eu abandonei”, pela editora A Casa da Porta Amarela. Para além dos animais, a publicação fala dos desafios nas escolhas e decisões humanas! E como também nos percebemos vulneráveis e impotentes ao fazer demais ou ao virar as costas.
Em 16 capítulos, a gaúcha conta histórias reais de cães e gatos que cruzaram o caminho dela. E como isso mexeu com o sentimento. “Essas situações com animais tocam uma corda dentro da gente (… ) não são apenas os animais e o destino deles que nos emocionam. É como se fosse o reflexo de uma questão emocional dentro de mim”, afirma a autora.
“A gente já errou. Mas uma coisa boa é que a gente pode melhorar. Ninguém é Deus. É preciso aceitar nossas limitações”.
O que move suas escolhas e decisões? - “Eu não escrevi um livro pra me gabar de meia dúzia de boas ações que fiz na vida. Eu já abandonei também, e já negligenciei”, diz Ále.
É claro que o título chama a atenção. Afinal, quem é que coleciona abandonos? Mas a intenção da escritora é provocar porque na melhor das intenções o ser humano também se perde.
Limites e incentivos - Ao expor as próprias memórias - e os erros - Ále tem basicamente três propósitos: “Quero encorajar as pessoas, que elas vejam que existe uma rede de ajuda e tenham menos medo de abrigar um cachorro. Dizer mais sim, do que não. Porque se todo mundo fizer um pouquinho, aí ninguém fica sobrecarregado”.
“Para quem já se envolve com resgates e proteção animal é dizer ‘olha, a gente não acerta sempre. A gente não pode fazer tudo. Existe um limite e não tem que se sentir culpado e ficar mal consigo mesmo por colocar esse limite’”, explica a escritora. Segundo ela, algumas pessoas sofrem ao resgatar animais demais e sem ter onde colocá-los ou condições para oferecer os cuidados. “A gente já errou. Mas uma coisa boa é que a gente pode melhorar. Ninguém é Deus. É preciso aceitar nossas limitações”.
Ále também acredita que esse não é assunto só para “loucos por bichos” que resgatam - às vezes sem limite. O livro também convida para que as pessoas reflitam sobre a responsabilidade coletiva em relação aos cães e gatos que estão por aí. “Foram os humanos que domesticaram os animais e nós que temos de lidar com as consequências disso, do melhor jeito possível… (eles) são um problema hoje porque há um excesso de animais domésticos, não existem casas para todos, eles não são mais silvestres ou selvagens para voltar para o mato. E as cidades são muito violentas para deixá-los soltos nas ruas”, conclui.
Campanha do livro "Todos os cachorros que eu abandonei" no site do Catarse
"Quero encorajar as pessoas", diz autora
E lembra do cãozinho que fritava na estrada do início da matéria? Um pequeno spolier: esse a Alessandra resgatou. Para saber o resto da história, “Todos os cachorros que eu abandonei” pode ser adquirido pela campanha na internet catarse.me/todoscachorros.
E você: já abandonou? Resgata? Acha que não tem nada a ver com isso? Sabe os seus limites? E já parou pra pensar o por quê disso tudo? Quem sabe as histórias da Ále ajude nas respostas!
Capa do novo livro "Os cachorros que eu abandonei"
Imagem: divulgação
O resultado de decisões na beira da estrada. Imagem: reprodução redes sociais