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BANKSY USA IRONIA NA ARTE E CHAMA ATENÇÃO PARA ABUSOS CONTRA ANIMAIS

Exposição de artista britânico em São Paulo mostra animais como símbolos de crueldade e hipocrisias da sociedade

12/02/23 15:00

Por: Sabrina Pires

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Obra de Banksy exposta em  São Paulo

Obra de Banksy exposta em São Paulo

O artista vivo mais famoso da atualidade ama retratar ratos. Dá até pra dizer que é uma das “assinaturas” de Banksy. Ratinhos que fazem coração, ratinhos de óculos escuros, ratinhos de todo jeito. É popular: arranca sorrisos e manda a mensagem: “Os ratos representam o triunfo das pequenas pessoas, dos indesejáveis e daqueles que não são amados. Apesar dos esforços das autoridades, eles sobreviveram, prosperaram e venceram”, justificou certa vez o artista britânico.


Ele ironiza. Um dos desenhos mais conhecidos com ratos é o “Because I am worthless” (Porque não valho nada). É uma paródia do slogan da campanha da L'Oréal, com várias modelos que repetem a frase "Porque você vale muito". A serigrafia sobre papel de 2021 foi vendida em um leilão por mais de 8 mil libras.


Essa é uma das obras que está na exposição “The Art of Bansky: Without Limits”, em São Paulo. A mostra com mais de 150 obras fica em cartaz até abril, no estacionamento do Shopping Eldorado, em Pinheiros, zona oeste da capital paulista.


Banksy mistura diversão com protesto. Ironiza guerras, capitalismo e consumo.

Banksy já entrou em zoológicos, clandestinamente. Escreveu nas paredes das jaulas: “Quero sair daqui. Esse lugar é frio demais”.

Na mostra, pombas brancas, da paz, que usam colete à prova de bala. Ou pombas que querem proteger suas minhocas e fazem protesto contra aves imigrantes, numa referência à crise humanitária de refugiados, principalmente na Europa.


Há ainda uma obra rara feita para uma campanha não lançada para o Greenpeace chamada “Save or Delete” (Salvar ou Excluir). Nela, personagens da Disney do desenho “O Ursinho Pooh” são feitos de reféns diante de uma floresta destruída. Nada mais atual.


Imperdível também é a já clássica réplica do macaco que avisa: “Pode rir, mas um dia nós vamos estar no comando.” A primeira vez que essa criação apareceu foi em Londres, em um vagão de metrô. Ao lado do quadro exposto em São Paulo, há um texto que diz: “apesar de serem considerados nossos ancestrais, os macacos hoje são expostos em zoológicos, usados como cobaias para experimentos e todos os tipos de outros propósitos violentos e degradantes”.


O visitante também tem a chance de ver a pintura da onça que consegue se desvencilhar da jaula “código de barras”, símbolo encontrada em produtos no mercado. A obra critica o uso comercial e exploratório que os humanos fazem dos animais.

Ratos de Banksy estão em São Paulo, em "The Art of Banksy: Without Limits"

Ratos de Banksy estão em São Paulo, em "The Art of Banksy: Without Limits"

Quem é Banksy? - O artista polêmico, defensor dos fracos e oprimidos, tem identidade anônima, apesar das especulações. Sabe-se que cresceu em Bristol e se aventura em áreas perigosas para provocar e divertir com seus grafites. Já esteve na Palestina, e no ano passado, em Kiev. Deixou nos muros desenhos que viraram notícia em todo o mundo. Na exposição em São Paulo, há um espaço inédito com réplicas desses trabalhos feitos em meio à guerra na Ucrânia.


De volta aos animais, Banksy já entrou em zoológicos, clandestinamente. Escreveu nas paredes das jaulas: “Quero sair daqui. Esse lugar é frio demais”. Segundo o artista em declarações por escrito, pintar em um zoológico é “sensacional porque você está dando voz a algo que não tem voz – que é exatamente a razão de ser do grafite”.


Mas nem sempre ele foi visto com bons olhos pelos amantes e defensores dos animais.


Uma exposição que fez em Londres com releituras de clássicos do mundo artístico, levou 164 roedores que andavam pelas molduras, pelo chão, entre os convidados. A participação dos animais foi autorizada, mas choveram críticas pela presença dos bichos.


Antes, em 2003, a situação foi mais complicada. Era a primeira exposição individual da vida dele. Na ocasião, expôs um retrato da rainha Elizabeth II com o rosto de um chimpanzé, numa crítica à monarquia, e imagine… animais vivos pintados com tintas atóxicas: porcos, ovelhas e uma vaca.

Consta que a Sociedade Real de Prevenção à Crueldade Contra os Animais havia autorizado a exibição, mas ativistas de direitos animais não acharam a mínima graça e nem desculpa suficiente para àquele uso e conseguiram fechar a mostra antes do previsto.


Banksy foi além. Nos Estados Unidos, resolveu levar um elefante! Sim, em carne e osso! Vivo! Pintado com o mesmo visual dourado do papel de parede da exposição. O elefante passeava entre os visitantes.


Um manifesto distribuído aos visitantes dizia o seguinte:


“Há um elefante na sala.

Há um problema do qual nunca falamos.

O fato é que a vida não está mais justa.

1,7 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável.

20 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.

Todos os dias centenas de pessoas são levadas a se sentir fisicamente mal por causa de babacas em exposições de arte que ficam dizendo como o mundo é ruim, mas na verdade não fazem nada para mudar isso.”


Apesar de não ter a identidade revelada, Banksy tem uma empresa desde 2008 para fazer negócios - já que suas obras valem milhões. Parte do dinheiro que ganha doa doações para instituições como as que resgatam imigrantes e que ajudam refugiados de guerras. O nome da companhia é Pets Control Office (Escritório de controle de pragas), em homenagem aos ratos. É ela quem certifica a autenticidade das obras do britânico.


E são obras com o selo da Pets Control que o público brasileiro tem acesso em São Paulo. Entre elas, a mais conhecida: “A menina e o Balão”.


O artista faz grafites com a técnica de estêncil: um molde feito previamente para no momento da pintura, nos muros, levar segundos. Foi o jeito de escapar da polícia quando começou.

Banksy tem dito que gosta de utilizar o estêncil não só por causa da velocidade e eficiência, mas também porque essa técnica é usada “para iniciar revoluções e parar guerras”.


Em inglês, rato - rat - é um anagrama de arte - art. Que a “revolução dos ratos” de Banksy contribua para dar fim a “guerra” dos humanos contra os bichos. 


Para ver mais imagens, siga-nos no Instagram @eaibicho

Obra de Banksy exposta em São Paulo

Obra de Banksy exposta em São Paulo

Obra de Banksy na exposição em São Paulo

Obra de Banksy na exposição em São Paulo

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