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EM ANIVERSÁRIO DE 25 ANOS, INSTITUTO NINA ROSA FOCA EM SOLTURA DE ANIMAIS SILVESTRES

Criadora de ONG lembra por que deixou de recolher cachorros em situação de rua e como direcionou esforços para sensibilizar pessoas

02/11/25, 15:00

Por Sabrina Pires

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Nina Rosa é uma dessas figuras que chegam próximo ao consenso na defesa animal. Referência das mais respeitadas. Há quem defina Nina como a “Jane Goodall brasileira”, seja pela semelhança física - mulher, branca, magra, olhos claros, fala mansa, e com mais de 80 anos (82 precisamente) - ou pelo longo histórico combativo. Goodall, primatologista e ativista britânica falecida em outubro deste ano, é um ícone internacional da conservação e proteção dos animais.


Mas Nina não está preocupada com rótulos, comparações ou reconhecimento. E até se espanta com tantos elogios que recebe. “Eu só faço aquilo que está no meu coração, então, eu não entendo direito isso (de ser uma inspiração)”, afirma ela em entrevista ao canal “E aí, bicho?”.


E o que ela precisa? Estar em contato com a natureza, ter um tempo sozinha e pensar nos projetos para fazer mais pelos animais. “Não dá pra deixar de fazer. Não dá pra não pensar que os jumentos estão sumindo, que estão sendo escravizados, assassinados, não dá pra imaginar que aqueles bois naqueles navios não estão sofrendo, que vão para um lugar horroroso, então enquanto houver isso, acredito que eu vou estar tentando alguma coisa”, diz.


"São as pessoas que têm que mudar, não é que tem que pegar todos os animais necessitados", Nina Rosa

Neste sábado, 1 de novembro, o Instituto Nina Rosa celebrou 25 anos. Um encontro em um hotel de São Paulo reuniu parceiros e apoiadores da organização. No local, uma exposição relembrou diversas realizações da ONG ao longo do tempo como o histórico documentário “A Carne é fraca” que moldou gerações de vegetarianos e veganos no país. Duas décadas após o lançamento, o filme segue como referência sobre os bastidores dos abatedouros e o impacto do consumo de carne na saúde humana, animal e para o meio ambiente.


Os feitos do INR (Instituto Nina Rosa) foram muitos, só que Nina está interessada no agora. Sugere que haja mais união entre defensores de animais para que as pessoas se apoiem e consigam dar conta dos desafios. Para o Instituto, o foco está na expansão e controle de uma área de reserva no Vale do Ribeira (SP). “Hoje a gente tá nessa nova campanha que é a soltura dos animais silvestres e oferecer uma área pra eles, mais protegida, com o que eles precisam pra se alimentar, pra viver”, conta Nina. A área particular ganhou o reconhecimento do governo para o trabalho de soltura em 2023. Desde então, já foram mais de 1000 animais que voltaram à vida livre no local. Atualmente, além da busca em aumentar o espaço, há também a necessidade de equipamentos como câmeras para monitorar os limites da propriedade e a própria movimentação dos bichos. Para tanto, INR precisa de doações e voluntários.


Outra novidade está na nova logomarca do Instituto. “Eu demorei para aceitar a minha cara ali, fez mais sentido quando eu vi os bichinhos, estou cercada por eles, aí estou adorando”, conta Nina.



Documentário "A Carne é fraca", produzido pelo Instituto Nina Rosa

Nina Rosa em evento de celebração de 25 anos do Instituto / Foto: Rodrigo Jacob

Nina Rosa em evento de celebração de 25 anos do Instituto / Foto: Rodrigo Jacob

A solução está nas pessoas - Nina conta que o ativismo começou seis anos antes da criação do Instituto. “A minha cadela amada, que era minha grande companheira na vida partiu e aí eu fiquei desnorteada”. Foi então que uma amiga sugeriu que ela trabalhasse para uma ONG. “Ela falou: Nina, em vez de você colocar todo amor em um animal só por que você não divide isso por muitos animais?”. Nina ri ao lembrar que na época não sabia nem que existiam organizações de proteção animal. E assim foi. Trabalhou em várias ONGS e passou a resgatar cachorros para posterior adoção, até que… “percebi que essa coisa de pegar bicho não resolvia. Chega uma hora, você tem o seu limite também. O que você vai fazer? Vai ser uma acumuladora? Isso tudo é muito complicado. E eu pensava assim: são as pessoas que têm que mudar, não é que tem que pegar todos os animais necessitados, cada um tem que mudar.”. E nessa virada de postura, Nina entendeu que tinha que trabalhar com educação de humanos. “Eu não queria trabalhar com gente, eu queria trabalhar com animal, mas aí (entendi) vou ter que trabalhar com os humanos”, recorda a ativista.


Quem olha Nina costuma enxergar uma senhora serena e doce. Imagem que pode parecer incompatível com as cenas violentas que costuma denunciar ou os protestos que participa até hoje. O segredo para aguentar? “Eu tenho um lugar dentro de mim que é um lugar de paz, de bem, nós todos temos, a gente só precisa acessar e querer ficar nele. Senão a gente fica envolvida com o entorno e acaba mergulhando”. Se o objetivo era sensibilizar as pessoas, Nina aprendeu o caminho.

Celebração de 25 anos de INR em São Paulo / Foto: Rodrigo Jabob

Celebração de 25 anos de INR em São Paulo / Foto: Rodrigo Jabob

Nova logomarca do Instituto / Imagem: INR

Nova logomarca do Instituto / Imagem: INR

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